
Exposição impactante e ação educativa mobilizam famílias e profissionais no bairro Novo Horizonte
Na última semana, a Unidade de Saúde “Carlos Alberto Vieira”, localizada no bairro Novo Horizonte, em Frutal, foi palco de uma ação de conscientização marcante e necessária. A educadora Leila Chaves, especialista em Educação Protetiva, Emocional e Prevenção ao Abuso Infantil, levou ao espaço uma intervenção sensível e poderosa sobre um tema que ainda é cercado por silêncio e tabu: o abuso sexual de crianças e adolescentes.
Fundadora do Projeto Protegendo a Infância, Leila apresentou a exposição “Vozes da Infância” para as famílias que aguardavam atendimento na unidade. De maneira lúdica e criativa, ela montou um tapete laranja com brinquedos infantis — bonecas, carrinhos, bichos de pelúcia — acompanhados de frases reais ditas por abusadores às vítimas. As declarações impactantes chamaram a atenção e provocaram reflexão entre os presentes.
“Preservando a identidade das crianças e dos adolescentes, são frases reais que demonstram a perversidade e a covardia destas pessoas, que continuam ecoando, na grande maioria das vezes, silenciosas na mente das vítimas”, explicou a educadora, ao destacar a importância de romper o ciclo de silêncio e medo que cerca os casos de abuso.
A iniciativa reforça as ações da Campanha Maio Laranja, dedicada ao combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. A campanha ganhou reforço em âmbito nacional com a promulgação da Lei Federal 14.432/2022 e é marcada pela data de 18 de maio, instituída pela Lei 9.970/2000 como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Em Frutal, a causa ganhou força com a aprovação de um projeto de lei na Câmara Municipal, que inclui a campanha no calendário oficial da cidade.
Durante a ação, Leila também compartilhou sua experiência com oficinas e palestras protetivas. Segundo ela, essas atividades ajudam crianças e adolescentes a entenderem que certos comportamentos, muitas vezes disfarçados de “carinho”, são, na verdade, abusos. “Os sofrimentos constantemente vividos não são normais. São sim, abusos sexuais que muitas vezes estão mais próximos do que se imagina”, alertou.
Para a enfermeira Patrícia Varanda, responsável pela unidade de saúde, a palestra foi extremamente oportuna. “Havia várias famílias assistindo, e todas prestaram muita atenção no que foi falado. É um tema delicado, mas que precisa ser abordado para servir de orientação e alerta”, afirmou.
A ação reforça a importância da conscientização contínua como ferramenta de proteção à infância. Mais do que denunciar o problema, o trabalho da educadora propõe uma mudança de cultura, onde o cuidado, a escuta e a informação são essenciais para proteger os mais vulneráveis.