
Até o dia 21 de maio de 2025, o município de Frutal contabilizou 34 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. Em média, uma nova vítima a cada quatro dias. São 34 vidas marcadas por traumas profundos, consequência de um crime que, muitas vezes, acontece dentro do próprio lar, o lugar onde deveria haver proteção.
De acordo com Jéssica Lima, assistente social do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), a maioria das agressões parte de pessoas próximas à vítima. “O perigo mora dentro de casa”, afirma. Pais, irmãos, avós e tios são os principais autores dos abusos, valendo-se da confiança e do convívio familiar para cometer os crimes. Depois, silenciam as vítimas com ameaças ou disfarces afetivos. “Isso não é carinho. É violência”, reforça Jéssica.
Além da agressão física e psicológica, muitas crianças enfrentam outro desafio: o descrédito. “Muitas vezes a criança fala, mas ninguém escuta. Ou pior: é desacreditada e culpada”, alerta a assistente social. O acolhimento imediato e a escuta sem julgamentos são essenciais para interromper o ciclo de abusos. “Acolham, não duvidem. A criança precisa saber que será protegida.”
O que fazer em caso de abuso sexual infantil?
Se o abuso tiver ocorrido há até 10 dias, o atendimento inicial deve ser feito no Hospital Frei Gabriel, referência regional nesse tipo de acolhimento. Além disso, o CREAS e o Conselho Tutelar estão preparados para oferecer orientação, apoio psicológico e proteção às vítimas.
Frutal reflete uma triste realidade nacional. A maioria das vítimas são meninas, mas meninos também sofrem. A pandemia da Covid-19 agravou ainda mais o problema, concentrando a violência no ambiente doméstico. Os finais de semana, quando as famílias estão reunidas e há maior consumo de álcool, apresentam maior incidência de casos. Denunciar é proteger.
Diante de qualquer suspeita ou confirmação de violência sexual contra crianças e adolescentes:
Acolha a vítima. Não duvide, não culpe.
Denuncie imediatamente à Polícia Militar (190), à Polícia Civil, ou busque apoio no Hospital Frei Gabriel, no CREAS ou no Conselho Tutelar.
O silêncio alimenta a impunidade. Agir pode salvar uma vida. Em Frutal, a proteção da infância precisa ser uma responsabilidade de todos.